Meninas, sugeri hj em um dos posts que nós contássemos um pouquinho de como chegamos até aqui: FOTOGRAFAS

A minha história deve ser bem diferente da maioria aqui.

Acho que a pessoa nasce fotografa. Não tem essa de vira fotografa. Pelo menos não com a mesa paixão e eficiência (RS).

Fotografa na minha opnião é aquele ser que a simples sombra de uma flor é motivo de ser registrada. Isso é SER FOTOGRAFA.

Bom meninas, eu sou carioca, economista e ex-IBMista.

Nunca sonhei em ser fotografa e tão pouco julgo que virei. Acho que exerço a função e ponto. Amo minhas clientinhas, mas não definitivamente não é minha paixão.

Sou e sempre fui apaixonada por criança. Meu sonho número um era ser mãe e hoje sou de dois príncipes.

Depois de 5 anos de IBM fui convidada para sair do Rio e ir para Campinas treinar um departamento novo e ficar lá por 3 anos. Logo no primeiro ano conheci meu marido. Um parceiro e tanto. No ano seguinte estávamos casados e ai foi ele que foi transferido, dessa vez para Piracicaba.

No primeiro mês na nova cidade e ainda no primeiro ano de casada nós engravidamos. Meu marido é Ger Comercial e roda o país. Eu no departamento financeiro fazia mais de 100 horas extras por mês (sim é possível) e além disso eu mudei de cidade, a empresa não, então eram 65km para ir e mais 65k para voltar todos os dias.

Nós sempre combinamos que qdo tivéssemos filhos um de nós iria desacelerar e isso seria o papel do que estivesse ganhando menos. Bom, como fazer isso depois de 10 anos? Eu amava a IBM, era uma sangue azul purinha (nome dos IBMistas que faz referência a cor do logo da empresa). Na prática eu não conseguia me imaginar fora do corre corre. Foi ai, que o dia 11.06.2009 meu primeiro príncipe chegou. O Theo me fez conhecer o amor.  Ser mãe é algo indescritível. Fiquei plena com a maternidade e todo resto ficou em segundo plano. A partir deste dia eu já pensava o contrario, em como eu poderia deixá-lo para trabalhar. Qto $$ é necessário para me afastar do meu filho. Para completar trocaram meu gerente no meio da gestação e ganhei uma mala sem alça, de papelão molhado e sem rodinha. A mulher era o inferno na terra. Parecia que Deus estava me obrigando a curtir essa fase maravilhosa da maternidade.

Pronto, dias antes da licença acabar fui até a empresa e pedi desligamento. Dez anos foram finalizados em menos de 15 minutos e eu sai com a alma lavada, pronta para ser MÃE. Minha vocação.

Eu sabia de uma coisa, não queria ser sustentada pelo meu marido. Apesar de estarmos numa fase financeira boa, eu não sei pedir dinheiro e muito menos justificar gastos. Resolvemos juntos que eu abriria um negócio e me dedicaria com flexibilidade de horário. Bora buscar as opções. Eu queria trabalhar com criança e durante a minha gravidez tinha feito um book num estúdio pequeno que cobrava por foto. Resolvi tentar.

Não estava podendo investir muito, pois há apenas 2 meses tínhamos comprado nossa casa e reformado inteira, então eu precisava ter o pé no chão. Eu não conhecia NADA do assunto.

Primeiro passo foi ir para o Sebrae e me inscrever e fazer 22 cursos. Em paralelo fui para o SENAC fazer um curso de edição.

Achei um professor de fotografia em campinas que eu NÃO recomendo e paguei uma pequena fortuna por 20 horas de aulas particulares.

Bom, depois da primeira aula e máquina encomendada com um amigo que estava nos EUA, eu me achava a TAL... risos.... ai gente eu escrevo e dou risada do tamanho da minha cara de pau.

Eu sabia que não podia bancar de cara um lugar só meu, com secretária (afinal, qdo vc esta atendendo, alguém precisa atender a porta e o telefone), aluguel, segurança, telefone, internet, luz, água, faxineira, cafezinho, ai ai ai...etc. Resolvi sublocar um espaço. Aproveitei a idéia do tal estúdio que fiz meu book em vinhedo, que na frente era uma loja de revelação e nos fundos uma salinha que era o estúdio e assim, munida de uma idéia e muito óleo de peroba para passar na cara fui bater justamente na maior produtora de foto e vídeo que eu tinha visto em Piracicaba (eu era nova na cidade).

Toquei a campainha e perguntei:

_ Oi, vcs fazem fotos de criança e gestante? (eu)

_ Vc tem preferência por sexo do fotografo? (Dono)

_ Na verdade Eu sou fotografa e estou procurando um lugar para montar meu estúdio. (ALOOOOO, esse EU SOU foi F, pq eu tinha UMA, eu disse UMA aula do tal professor ruim)

Na hora ele me convidou para entrar e conversar.

A história era a seguinte, eram dois meninos novos (26 anos) que eram super bons no que faziam, o Enio com mais de 10 anos de experiência em fotografia de casamento e o Andre que fez Radio TV e é O cara na filmagem. Eles alugaram um casarão destruído em Piracicaba, reformaram com as próprias mãos e deixaram o lugar lindo. São 7 salas, sendo que duas estavam servindo de porta entulho e que eles pensavam em futuramente montar um estúdio, pois no momento estavam sem capital por conta do enorme investimento que fizeram na obra e com compra de equipamentos.

PERFEITO,  juntamos o útil ao agradável. Fechamos na hora uma nova data para conversar. Minha mãe que é advogada fez um contrato. Nós fechamos uma parceria: Eu atendia gestante e criança e eles faziam casamentos e formaturas.

Eu montei o melhor estúdio da cidade em termos de equipamentos, o estúdio poderia ser usado por eles qdo precisassem e em contra partida eu poderia usar os demais espaços (sala de edição, atendimento, espera, etc).

A despesa foi divida em 3 partes e todo mundo saiu lucrando.

Mais que perfeito, pois o André é apaixonado pelo trabalho (NASCEU ASSIM) e ele madruga lá e só sai depois das 10 da noite, ou seja, porta aberta sempre. Não precisava me preocupar em ter alguém para abrir o lugar ou atender o telefone.

A produtora cresceu super rápido. Sempre investimos muito em equipamento, atendimento e qualidade. Hoje são 3 funcionários e 1 estagiário. Considerando que ainda não temos 4 anos, a coisa andou bem.

Lembro da minha primeira sessão de fotos. Uma gestante (Mariana) e seu filho de dois anos (Rodrigo), na barriga a Bia. Claro, ficamos super amigas, mas antes da sessão eu tremia dos pés a cabeça. Foi dureza fingir que sabia o que estava fazendo, com o coração na boca.

Muitas de vcs me agradeceram hoje a dica que dei, mas se não fosse toda a ajuda que recebi do Enio e do André e o apoio sem fim do meu marido, eu jamais teria saído do papel. Eu com certeza ainda estaria tentando pregar aqueles trilhos no teto e ligar aquele monte de fios. Não tenho palavras para descrever tudo o que o Enio fez por mim. Camelei bastante viu. Fui em casamento segurar flash, só para entender como aquela maldita luz funciona e preciso confessar que ainda tenho problemas sérios com ela.

De tudo que fiz naquele estúdio, com certeza o meu carinho com a criançada foi o que cativou as mães. Conheço TODOS os meus clientes pelo nome. Sei a história de cada gestação. Isso, nem tem preço e nem iluminação que pague.

Meu plano inicial era fazer apenas estúdio, mas fácil e com horário definido né. Ai “meus” bebes nasceram, fizeram acompanhamento por 12 meses e chegou a tão esperada festa de um ano. Quem disse que a mãe cedeu e aceitou o outro fotografo? Não teve jeito, entrei para o mundo das festas infantis, batizados, etc. E lá estava o Enio, do meu lado me ensinando novamente o B-A-BA da coisa.

“Virar” fotografa foi a melhor coisa que fiz na minha vida. Eu vivi meus filhos, vivi minha família e de quebra fiz amizades incríveis. Serei eternamente grata a essa profissão maravilhosa.

Como tudo que é bom dura pouco, mês passado fomos pegos por mais uma mudança de cidade. Voltamos para Campinas. Em Piracicaba eu deixei a lembrança dos 4 melhores anos da minha vida.

Há algum tempo eu vinha amadurecendo a idéia de voltar a ser funcionária, ter salário, décimo terceiro, férias e finais de semana. Junto com meu marido definimos metas para isso acontecer.

Não é fácil ter um marido viajante. Não tenho família perto e meus filhos podem contar exclusivamente comigo. Sendo assim, não posso ser funcionária com um horário tão inflexível. Estamos amadurecendo a idéia, mas tenho certeza que na hora certa as coisas acontecerão.

Até agora só posso agradecer, pq até aqui, nesses 32 anos, qdo parecia que não tinha saída alguma coisa acontecia e mostrava que o que estava por vir era bem melhor do que eu poderia supor.

Foi por isso que eu disse que a pessoa NASCE fotografa e não VIRA. Eu virei por uma fase. Ser fotografa me permitiu ser mãe. Foi assim.... Apesar de não ter nascido, estudei MUITO para sempre dar o meu melhor. Todos os meus atendimentos foram feitos com um amor enorme. Me apaixonei por cada bochecha e pança que fotografei.

Essa é minha história, e a de vocês?