quinta-feira, 6 de outubro de 2011
$$$ é tudo?
Vivi num mundo alheio a valor financeiro... Descobri o que era roupa de marca com uns 16 anos... Antes disso, o máximo q eu sonhava em ter eram as coisas da "Bicho Comeu", simplesmente por ser fã da Xuxa, nada diretamente relacionado com as roupas.

Essa minha infância distante da realidade financeira foi maravilhosa. Meus pais nunca foram RICOS, mas não me lembro de sentir falta de nada.
Normalmente sempre ganhava tudo o que pedia, a diferença é que isso acontecia apenas nas datas, como aniversário, dia das crianças e natal. Então eu pensava bem o que ia pedir, pq sabia que demoraria para ganhar novamente.
Não tenho nenhuma frustração em relação a isso.

Herdava muita coisa do meu irmão, inclusive roupa. O que eu sempre encarei como algo usado para cobrir o corpo, nada além disso.

Fui criada pelo meu pai e pela baba... minha mãe sempre trabalhou e estudou, então são vagas as lembranças que tenho dela durante a minha infância (lembro das broncas... isso ela fazia mesmo por telefone ou bilhetinhos...hehehe).

Meu pai é o tipo de cara que podemos dizer desencanado. Para ele sim, roupa é para cobrir o corpo. Ele usa literalmente até acabar. Ai compra/ganha mais. Isso foi o que aprendi na infância... cobria o corpo e sai pra brincar. Brincava até o por do sol, esse sempre foi meu horário.

Tinha amigas, que por terem mãe em casa, sempre tinham roupas novas. Lembro de passar na casa delas para ir ver o jogo de basquete e escutar as duas gritando em crise adolescente, que não iam sair, pq não tinham roupa... Eu simplesmente não entendia, pois conhecia bem o armário delas.

Lembro que já estava com uns 16 anos (qdo comecei a namorar um milionário), qdo me dei conta que eu realmente não me vestia adequadamente. Por mim, até aquele momento OK, vivi como criança e intensamente. Dali pra frente precisava ser diferente, mas claro que as coisas não mudariam de uma hora para outra.

Até hoje não sou vaidosa. Adoro cremes e cheiros. Adoro cuidar da pele, mas roupas realmente não é o meu forte... ainda deve ter dentro de mim, que se esta boa, não tem pq comprar mais....

Hoje trabalho com fotografia, o que me remete ao mundo dos ricos, pois esse é um serviço que reconheço ser supérfluo, então, só faz quem realmente PODE.

As vezes eu as via e tinha uma pontinha de inveja. Aquelas festas pitorescas, para uma criança que não tinha idéia do que estava acontecendo. Aqueles vestidos maravilhosos. Os corpos esculturais (moldados por academia, massagem, dieta, lipos - itens de quem tem tempo e dinheiro).

Ontem, uma das mais famosas da cidade esteve no estúdio para definir o modelo do álbum de aniversário do filho dela que fotografei há uns dias. Como temos filhos da mesma idade e estamos grávidas, temos muito assunto. Batemos um longo papo e durante a conversa eu pedi a autorização para utilizar as suas fotos no site. Ela me pediu mil desculpas, disse que não queria parecer metida, mas que sinceramente prefere não ter o nome e a imagem divulgadas.
Para justificar (o que era absolutamente desnecessário, pois ela não me deve nenhuma satisfação), ela me contou o qto tem medo, o qto eh perseguida, a legião de puxa sacos e aproveitadores. Confidenciou ainda o medo de deixar o pequeno dela na escola todos os dias. O quanto resistiu para matriculá-lo. Que todos os dias o deixa lá com o coração na mão.
Que não tem ideia de quem realmente é amigo.

Gente, me deu uma pena! Primeiro que a gente pode passar por tudo ou imaginar passar ne, mas imaginar nosso filho passando doí demais. Eu me coloquei no lugar dela por um instante e cheguei a conclusão que AMO a vida simples que levo. Adoro não ser conhecida nessa terra de sobrenomes. Adoro ir na pracinha com o Theo e ser apenas a "mãe do Theo".

Nada e nem $$ nenhum, vale a minha noite de sono tranquila.

Na próxima encarnação, quero voltar exatamente como nessa: Filha, mãe e esposa... normal! Sem mais nem menos do que tenho hoje.
 
Escrita por Briza e Marcelo at 12:04 | Permalink |


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